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Jaime Parodi

Jaime Parodi Viable Report

Co-Founder and CEO of Viable

Anchor 1

Behind Business  (BB) - Que tipo de empreendedor tu és?

 

Eu diria que apenas existe um tipo de empreendedor, aquele que faz as coisas acontecerem.

Consideras-te um empreendedor ou um empresário?

Bem, é uma excelente pergunta... Eu diria que comecei como empreendedor, não me importando em tornar a empresa lucrativa ou mesmo com receita. Eu só queria fazer coisas. Ao longo do caminho, acho que também me tornei emrpresário para sustentar a geração de ideias. Agora eu acho que sou os dois; agora preocupo-me também com o lado financeiro e principalmente com o crescimento.

Há quanto tempo te defines como um empreendedor?

Eu acho que remonta a 2008, quando havia uma iniciativa que pode ser considerada como o primeiro projecto de empreendedorimo e startup que desenvolvi.

Mas por que decidiste tornar-te empreendedor e ter um negócio em vez de teres um emprego “normal”?

Eu sempre senti a necessidade de fazer as coisas. Mesmo quando eu era jovem, gostava de organizar coisas, reunir pessoas para jogar futebol, encontrar o campo para jogar e assim por diante; Eu era muito ativo a organizar fosse o que fosse. Por exemplo, iniciei o tal projeto em 2008 com alguns amigos e ex-colegas da empresa de consultoria na qual estava a trabalhar na época, e a empresa actuava no campo da realidade aumentada. Nós realmente fizemos um piloto sobre essa ideia. Ele estava focado em monumentos e os modelos de negócios envolviam a conexão com os restaurantes.

O que aconteceu?

Naquela época não tínhamos tempo nem coragem para fazer isso. Como sabes, em consultoria nós trabalhamos muito, o envolvimento nos projetos de consultoria é muito exigente, todos nós estávamos na mesma página, tendo as mesmas restrições de tempo. Então, passar duas ou três horas por semana nunca é suficiente. Nunca será uma coisa real, já que não decidimos dar “o salto” e estar 100% comprometidos com isso.

O que é preciso para dar o salto para esse passo?

No meu caso, foi quando eu tinha as coisas mais evidentes em minha mente, que eu queria dedicar algum tempo para um empreendimento pessoal, focado em tempo integral nisso. Eu queria testar.

"Não existe um conjunto limitado de valores para todos empreendedor. Cada um terá os seus próprios valores. No meu caso, posso dizer que é honestidade, colaboração e persistência. A felicidade também é importante, seguida também pelo forte desejo de quere fazer algo que realmente desejo fazer."

Querias testar-te a ti próprio ou a tua ideia?

Ambos. Eu queria testar-me para provar que eu conseguiria fazer isso. Parte de mim sentiu que eu não tinha nada a perder. Indo ao mais básico das nossas necessidades, reparei que não tinha nada a perder.

Qual foi o projeto que te fez “dar o salto”?

Foi Viable através do MBA. Foi a primeira vez na minha vida que não tinha contrato de trabalho com uma empresa e por isso decidi dedicar um ano, um ano e meio, sem contrato de trabalho com ninguém, para me concentrar totalmente nesse projeto.

Achas que o espírito empreendedor nasceu contigo ou achas que isso pode ser desenvolvido, talvez através de um MBA?

Ambos. Sempre senti a necessidade de fazer algo ou criar algo. Ao longo do caminho, estava a tentar e a testar outras coisas e, ao mesmo tempo, estava consciente do que não queria fazer. Então inscrevi-me num curso para ser melhor empreendedor. Fiz o MBA, com o objetivo de mudar de carreira, não para continuar naquela onde estava. Eu queria fazer um MBA para mudar e ter as ferramentas necessárias para criar as minhas próprias empresas.

Qual foi o fracasso mais te fez aprender?

Foi durante o projeto de realidade aumentada, que mencionei anteriormente. Foi um timing terrível, e acabou por ser muito difícil identificar o potencial de mercado para isso, mas percebi que, se eu quisesse, teria de fazê-lo. depois então com a Viable também aprendi muito: foi um fracasso, mas aprendemos muito. Por exemplo, percebi o valor e a importância de ter a equipa certa nesse tipo de empreendimento e descobri que a avaliação da adequação do produto ao mercado é crucial para criar os produtos que o mercado exige.

Se tivesses a oportunidade de começar a Viable novamente, farias tudo de novo?

Com o conhecimento que agora já temos, nunca iríamos fazer o mesmo mas... ser´q que seríamos capazes de tornar Viable mais bem sucedida desta vez? Considerámos que Portugal era o local ideal para testar essa ideia, mas acabou por o não ser, afinal. Infelizmente, ainda não temos a procura e oferta adequada para isso em Portugal. Mas queríamos fazer isso de qualquer maneira, queríamos tentar. O projeto Viable é de facto mais adequado para outros mercados, como os EUA e talvez para o Reino Unido. Portanto, o momento não era o melhor, para além de que outras iniciativas semelhantes estavam a arrancar também noutros países, e a equipa provavelmente teria de ser diferente. Realmente considerei mudar-me para Silicon Valley; passei lá um mês para analisar o mercado e para ver como tudo funciona. No entanto, senti que não me queria mudar para lá a longo prazo e isso foi uma limitação.

Qual é o melhor e o pior lado de ser um empreendedor?

A coisa que eu mais valorizo ​​é a liberdade. Não é que se trabalhe menos; na verdade, acabo por trabalhar mais do que quando estava a trabalhar numa empresa.

Porque é o teu “bebé”...

Sim, exatamente! Agora imagina a quantidade de trabalho como se tivesses 4 bebés ao mesmo tempo, todos eles a correr de um lado para o outro desenfreadamente. Mas temos a liberdade de escolher por conta própria. Se decidiste de forma errada, bem, pelo menos tiveste a liberdade para o fazer. Por isso tens a flexibilidade para viajar, por exemplo. O pior é que precisas de estar sempre conectado. Eu diria que já nem me lembro qual foi o último dia em que não fiz nada relacionado com os meus projetos… Não consigo desligar. Nem mesmo nas férias. Nunca. Não tenho encontrado o momento certo para parar. Mas aprendi a viver com isso.

Achas que os valores e a autodisciplina desempenham um papel importante nesse tipo de estilo de vida?

Definitivamente. Eu tenho meus hábitos. Por exemplo, eu acordo todos os dias à mesma hora, tento ter meus dias totalmente organizados, mas isso faz parte de ter flexibilidade. Eu posso definir um horário para andar de bicicleta um certo dia, por exemplo. Flexibilidade não significa que eu faça o que eu quiser quando quiser. Quer dizer que se eu quiser andar de bicicleta durante a semana, posso fazê-lo, mas vou precisar me organizar para isso com antecedência. Quando eu estava a trabalhar em consultoria, não conseguia! Eu agora consigo ter um calendário muito organizado.

Quais são os valores mais importantes que um empreendedor deve ter?

Não existe um conjunto limitado de valores para todos empreendedor. Cada um terá os seus próprios valores. No meu caso, posso dizer que é honestidade, colaboração e persistência. A felicidade também é importante, seguida também pelo forte desejo de querer fazer algo que realmente desejo fazer.

Se tivesses de escrever um livro sobre ti próprio, qual seria o título, o subtítulo e quem escreveria o prefácio?

Nunca pensei sobre isso... Eu diria que o título e subtítulo poderiam ser "Empreendedor. A Sua Vida". Sobre o prefácio, se eu conseguisse que fosse uma pessoa inspiradora... eu diria, Richard Branson. Eu diria que esses tipos, Richard Branson, Bill Gates, Steve Jobs, têm uma capacidade extraordinária que não está disponível para a maioria de nós; eles estão dispostos a ter uma vida desconfortável. Houve uma altura na minha vida em que senti que não tinha nada a perder, mas… estou acostumado, digamos, a ter uma vida relativamente confortável e esses empreendedores parece que não se importam. Eles estão dispostos a ter uma vida totalmente desconfortável. Richard Branson comprou uma ilha sem ter uma casa, e dormiu na sua antiga, e primeira, loja de discos. Eu sinto que não sou capaz de fazer isso, e o mesmo para a maioria das pessoas que conheço. Claro, aqueles que não querem sair de seu emprego e posição estável para abraçar o empreendedorismo é apenas porque não querem perder esse modo de vida confortável, não estando dispostos a, por exemplo, não saber onde irão dormir amanhã. Esse é o verdadeiro empreendedor, aquele que sente que não tem nada a perder. Se tu tens essa capacidade, então poderás construir grandes coisas. Essa é a principal diferença em relação a esses proeminentes empreendedores, que exigem sempre mais de si mesmos.

Qual é a definição de sucesso?

Por acaso a minha tese de mestrado foi sobre isso, onde tive de estudar diferentes fatores que contribuem para que uma empresa seja bem sucedida. A principal conclusão é que uma empresa é bem sucedida quando tem uma rentabilidade crescente e sustentável ao longo do tempo. Muitos fatores contribuem para isso, por exemplo, ter a equipa certa e executar de forma brilhante, atingindo um ponto em que os lucros são sustentados e a 'máquina de crescimento' foi construída. Numa perspectiva pessoal, para mim, é ter saúde e energia todas as manhãs para fazer o que preciso e quero fazer.

Suponhamos que existem ao teu dispor dois dispositivos de teletransporte e que tu podes colocá-los em dois lugares diferentes no mundo. Onde os colocarias?

Primeira hipótese: se houvesse uma réplica da Terra com menos pessoas nalgum lugar no universo, seria aí um deles. Caso contrário, e sendo mais realista, hoje em dia seria em Lisboa e São Francisco. Eu adoro a Califórnia e, claro, adoro o espírito empreendedor que lá impera. Não apenas isso, mas também porque gosto de skate, surf, de música punk/hardcore da costa oeste, o cinema, toda a arte que vem de lá... Eu também adoro Cascais e Lisboa, mas se eu pudesse tomar um pequeno-almoço em Los Angeles neste momento, eu não hesitaria.

Como vês o mundo daqui a 10 anos?

 

Infelizmente, um pouco pior do que agora. O que vejo é que somos totalmente controlados pelo poder económico, representado pelas grandes empresas, pelo "sistema" - que temos vindo a corromper, e, por isso, sinto que vivemos realmente condicionados no mundo. Ao mesmo tempo, as pessoas não estão ainda inteiramente conscientes do seu impacto negativo no mundo e das consequências de suas ações; daqui a 10 anos, a menos que façamos algo radicalmente diferente, encontraremos o pior. Nós temos de ser sociais, já não é mais uma questão de opção - e somos sociais por natureza. Infelizmente, as pessoas estão apenas a considerar o imediato, o seu conforto atual, negligenciando o futuro.

 

Se quisesses dar um conselho a alguém que se quer tornar empreendedor, o que lhe dirias?

 

Gostaria de destacar a mensagem "se quiseres fazer, faz". Caso contrário, irás arrepender-te para toda a tua vida. Eu diria também que deveria valorizar outras coisas além da parte financeira, embora isso seja muito difícil, porque vivemos numa sociedade construída para isso. É essencial equilibrar as necessidades e os desejos.

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